Viviane
- Pode sentar logo e desembuchar essa
história.
Foi assim que a Julia me recebeu no
bar. Sem entrar no mérito de ela estar na metade de um chope, mesmo eu não
estando atrasado. A Julia não aguentava mais as minhas lamentações em doses
homeopáticas por mensagem de celular. Na ânsia de curar a sua curiosidade
mórbida pela minha desgraça, ela marcou aquele encontro para conversarmos
pessoalmente. Obviamente, ela também queria me ajudar, mas, convenhamos, essa
era uma motivação secundária.
- Eu quero saber do início – ela me
interrompeu quando falava de um fato já no meio da cronologia. – Vai contando
que peço outro chope para mim e um para você.
O início foi numa noite que estava
andando por Laranjeiras. Não lembro ao certo o que estava a fazer por lá. Só
sei que me sentei em uma lanchonete para comer alguma coisa rapidamente quando
senti uma mão no meu ombro. Era a Viviane. Tinha sido minha aluna e se formou recentemente.
Convidei-a para se sentar do meu lado e ficamos jogando papo fora. Aquela coisa
de sempre. Como estão as coisas? Saudades da faculdade? Está trabalhando? Lugares
comuns para ver se a conversa fluía. Cedo ou tarde, um dos dois teria de se
levantar para seguir a vida mesmo.
- Tá, e o que aconteceu? – perguntou a
Julia.
A conversa fluiu. Principalmente
quando perguntei sobre a carreira de cantora que ela sempre levou em paralelo.
Era evidente que a faculdade seria usada por ela como uma segunda opção para
dar suporte financeiro e, assim, permitir que se dedicasse mais à carreira
musical. Viviane ficou impressionada por ter me lembrado desse detalhe de sua
vida e desandou a falar sobre a carreira. Aparentemente, ela era mais iludida
por propostas vazias que qualquer outra coisa. Vira e mexe aparecia alguém
dizendo estar impressionado com a voz dela, ou que pretendia montar um projeto
no qual ela se encaixaria perfeitamente. Dias depois, sumiam ou desconversavam
com alguma mudança repentina de planos. Todavia, ela sempre foi patologicamente
otimista e, por isso, não se abalava.
- Poxa que chato para ela – a Julia
lamentou.
Ela era feliz assim e isso que
importava. De qualquer maneira, senti que o tom que ela deu era um pouco
carregado de lamentação. Achei então que cortar repentinamente o assunto e ir
embora, porque já tinha terminado o que tinha para fazer na lanchonete, seria
indelicado. Perguntei se ela queria esticar a conversa em um bar do outro lado
da rua e ela topou. É incrível como tudo muda quando se sai de uma lanchonete e
vai para um bar. O ar é mais convidativo para conversar. O papo fica mais leve.
- Não se esqueça do álcool que começa
a entrar para a verdade sair. – Julia foi pontual.
Falamos sobre vida pessoal, família,
problemas com o proprietário do apartamento e antigos namorados. Tudo regado a
alguns chopes e uma dose de tequila que pedi para brindarmos a sua formatura,
coisa que jamais tinha feito com ela. Nunca tinha conversado tão abertamente
com a Viviane, mesmo com quatro anos de faculdade. Isso foi algo que os dois
notaram em determinado momento e tentamos entender o porquê disso. A versão
dela era sustentada pelo fato de ser tímida. Tanto que raramente me procurava
para tirar dúvidas, inclusive. Já o meu motivo, ela não compreendia. Eu sempre
fui o irreverente, despojado e falador. Pois a verdade era que, com ela, eu
travava. Sempre tive um problema sério com ela. Desde o primeiro período, a
Viviane era a mais madura da turma em um nível muito acima das outras meninas
da turma. E isso não era apenas porque ela era um pouco mais velha. Isso ficava
discrepante se comparássemos com as que estavam se formando na mesma época. Não
bastante, ela sempre foi uma graça. Toda pequena, mignon e com uns olhos claros
capazes de fazer a Medusa virar pedra se os encarasse.
- Você disse exatamente isso para ela?
- Aham.
- E ela?
Houve aquele momento de silêncio. Não
sabia ao certo o que esperar dela e, ao mesmo tempo, tampouco o que realmente
gostaria de ouvir. Ela ficou parada com aqueles olhos enormes na minha direção.
Até que, em certo momento, abaixou a cabeça, esboçou um sorriso e, ao voltar os
olhos para mim, reclamou que era um absurdo, depois de quatro anos, só naquele
momento estava anunciando aquilo para ela. Ora, falar isso para uma aluna pode
soar como assédio sexual até para o juiz mais machista. Ela riu, me chamou de
bobo e bebeu o resto de chope em um gole só. Junto com o folego que é retomado
após um longo gole, surgiu a coragem para que me dissesse que adoraria ter
ouvido aquilo desde o primeiro período. Pronto. Estava travado de vez. Abaixei
a cabeça e não sabia como reagir.
- Como, seu pateta? – Julia disse
indignada. – Você deveria ter se levantado e lascado um beijo nela.
Eram muitos fatores desfavoráveis
naquele momento. Não bastante estar travado, estávamos em um local público com
bastantes olhos ao redor. Para completar, a geografia da coisa não ajudava
muito. Estávamos em uma mesa quadrada, um de frente para o outro. O que deveria
ter feito? Debruçar-me sobre a mesa e beijar a Viviane? Pareceria uma atitude
esganada da minha parte. Sem citar no desconforto que potencialmente faria o
beijo durar segundos. Deveria me levantar, dar a volta na mesa e, de pé, beijar
a Viviane ainda sentada? Uma coisa meio Bela Adormecida, meio enfermeiro
atendendo paciente em ambulatório? Deveria ter feito com que ela ficasse de pé
e a beijado em seguida? Seria uma cena de filme. Ainda mais se durante o beijo
o gerente do bar gritasse que sairia uma rodada por conta da casa. Não, nada
disso aconteceu.
- Você é um lerdo mesmo – Julia se
revoltou. – Você deveria ter beijado a menina. Como, eu não sei. Mas deveria.
De qualquer jeito que fosse, era deixa e você, lerdo como sempre, desperdiçou.
Não tinha como argumentar. A
oportunidade talvez não fosse a mais apropriada, contudo era real. Foi
desperdiçada. Ao menos, pelo resto da noite, continuamos especulando sobre nós
dois. Flertarmos até demais da conta e, ao fim, não existia dúvida. O interesse
era mútuo e grande. Tanto que, mesmo tendo deixado claro umas três vezes que
precisaria acordar muito cedo no dia seguinte, ela ficou até tarde comigo por
lá. Quando finalmente o bar fechou, acompanhei a Viviane até a porta do seu
prédio. Algo por volta de umas duas quadras de onde estávamos. Lá, em uma rua
deserta, em plena madrugada carioca, finalmente rolou nosso beijo. Ele encaixou
e é ótimo quando isso acontece. Movimento, intensidade, pressão. Tudo alinhado,
quase que ensaiado. Depois, nos despedimos e combinamos de nos vermos assim que
ela voltasse.
- Você é muito mané mesmo.
- O que eu fiz desta vez?
- O que? Não sabe? Você não pode ser
tão burro – Julia para a surra por alguns minutos e se dirige ao garçom. – Mais
dois chopes, por favor.
- O meu é com pouco colarinho.
- Até nisso é bunda mole. Enfim, a
menina deixou claro que te queria. Você queria. E, ao invés de saírem de lá
para outro lugar, ficaram horas falando sobre o que um adoraria fazer com o outro.
- Ah, não era bem assim.
- Era para você estar sentando o pau
nela. Aposto que ficaria gamadinha de primeira.
- Não fala assim, menina doida.
- Não fala assim, menina doida? Por
quê? Estou manchando a imagem imaculada dela? Não acredito que você está
endeusando ela.
- Não, não estou coisa... – a Julia me
interrompe.
- Você está romanceando esta história.
Eu sabia! Você está endeusando ela.
- Para!
- Paro nada! Eu te conheço. Se fosse
outra, teria a convencido a transar no banheiro do bar mesmo. Como endeusou a
menina, vai trata-la como se fosse uma boneca.
- Que exagero!
- Eu conheço umas dez histórias suas
trepando em locais públicos.
- Mas não era o caso, né, Julia?
- Tudo bem. Só que também poderia ter
ido para outro lugar ou aproveitado melhor a noite.
- Eu travei. Travei! Entendeu? Travei!
A de amor, bê de baixinho, cê de caralho eu travei.
- Idiota – a Julia riu e recebeu os
chopes do garçom. – E aí? Se viram depois?
Fomos ao cinema. Ela curtia um
programa alternativo e escolheu um dos piores filmes que já vi na vida. Era um
documentário sobre uma desconhecida que tinha uma vida mais entediante que a
pilha do meu controle remoto. Nada acontecia no filme. Era um tédio. Talvez a
lição do filme fosse sobre refletirmos nossas vidas e percebemos que estamos
reclamando desnecessariamente. Ou era um teste coletivo para potenciais
suicidas. Não tive muita certeza.
- Ótimo! Grande desculpa para agarrar
a menina de jeito.
- Eu não queria atrapalhar o filme que
ela escolheu.
- Como uma deusa... você me mantém.
- Eu não estou endeusando ela.
Ora, eu não sabia se ela ainda estava
interessada no filme ou se podia aproveitar o tédio para nos agarrarmos. Isso é
muito ruim em início de relacionamento que não temos intimidade o suficiente. E
quando o filme é bom, mas tem um momento de pausa na trama? Dá para se distrair
com uns amassos? E se os amassos estão bons e o filme volta a ficar animado? É
ruim perder o filme? Ou devemos cortar o barato? É um sensível código de
postura que não queria demonstrar desconhecimento logo no segundo encontro.
Deixei o filme o rolar sem interrupções. Ou, melhor dizendo, continuei sendo
torturado sem distrações.
- Eu não acredito que logo você está
racionalizando isso. Ela quer mais é ser agarrada. A menina provavelmente
estava desejando que você virasse um polvo e caísse para cima dela. E o que o
bobão aí fez? Ficou fazendo cara de intelectual ao lado dela. Você devia ter
chamado a menina de massa de pizza e enchido a mão.
- Que horror, Julia.
- Horror é você parado como se fosse o
tio dela. Apesar de que, dependendo do tio, era bem possível que estivesse
bolinando a menina.
- QUE HORROR, JULIA!
- Estou ofendendo mais uma vez a moral
da sua deusa?
Eu entendia o que a Julia tentava me
dizer. Obviamente, ela estava pesando a mão no argumento. Apesar de saber que,
para muitas pessoas, aquilo era o mínimo. Inclusive eu. Todavia, não adiantava.
Respeitei os intermináveis cento e dezoito minutos de filme sem uma interrupção
sequer. O desejo de agarrar a Viviane era enorme e esperava que por parte dela
fosse o mesmo também, mesmo com ela dando raros sinais disto. Aliás, é preciso
registrar que Viviane era uma menina de muitos atributos, contudo não tinha o
menor talento para demonstrar emoções. Sua frieza era próxima a uma
interpretação do Nicholas Cage com má vontade. Era impossível saber se estava
feliz, chateada, interessada na conversa ou viva. Em diversos encontros,
cogitei me levantar e ir embora. Era desesperador e frustrante.
Saindo do cinema, era necessário levar
a Viviane para outro lugar. Não conseguiria encerrar o encontro tão cedo, mesmo
para um dia de semana. O meu lado pervertido sussurrou ao meu ouvido a ideia de
irmos para um motel. A ideia de levar para a minha casa também soaria
interessante. O problema foi que meu lado alcoólatra gritou por um bar. Como só
funciono sob pressão, a vontade do grito prevaleceu. Lá estávamos nós sentados
um de frente para o outro em um bar.
- Você é muito burro!
- Você sabe bem que não sou, Julia.
- Exato! Por isso estou estranhando.
Eu não acredito que seja você nessa história – ela complementou e depois
levantou a tulipa vazia. – Garçom, mais dois, por favor.
De fato, estava desajeitado em um
nível muito além do meu normal. Contudo, existiram evidências naquele encontro
que fariam qualquer um me reconhecer. Topando a minha proposta, Viviane aceitou
fechar todos os bares naquela madrugada de quarta-feira. Não suficiente, ela me
mostrava um novo talento, conseguir me acompanhar na bebida. Algo sempre
consideravelmente impressionante para qualquer pessoa, além de ser uma notória
característica para quem quisesse se candidatar ao posto de Senhora Traste.
Quatro bares foram fechados. O último,
cinco e quinze da manhã sob olhares fatais de trabalhadores a caminho de suas
fontes pagadoras. Estávamos bêbados em um nível fora do imposto pela sociedade
para dias úteis. Não tinha a menor condição de pegar a moto que foi deixada
pela zona sul mesmo. Tínhamos duas opções. Ou esperávamos o Metrô abrir, ou
pegaríamos um táxi. De qualquer forma, dois copos de 500 ml cheios até a boca
foram providenciados. Seja para a espera, seja para o trajeto, a dose não seria
suficiente. Escolhemos o táxi e, alguns quarteirões antes da minha casa, os
copos estavam vazios. Depois de saltar do táxi e atravessar a rua para entrar
em casa, reparei que a Viviane estava sem um dos sapatos. Ela estava
literalmente com um dos pés no chão. Gritamos para o táxi que parou. Checamos
todo o seu interior e nada do outro pé do sapato dela. Viviane estava tão
bêbada que perdeu um dos sapatos em Botafogo e sequer percebeu. Talvez tivesse
perdido antes de o quarto bar fechar. Ou até mesmo antes. Ela não se lembrava.
E seria impossível de se lembrar pois, além de completamente bêbada, ela teve
uma crise de riso com aquilo que sequer conseguia falar. Nunca tinha a visto
daquela forma, completamente à vontade. Ela estava solta, leve e divertida.
Estava mais sexy do que nunca.
- Imagino que tenha entrado e trepado
com ela.
Subimos para a minha casa com muita
dificuldade. A escada é íngreme e em curva. Se estando bêbado já é um desafio,
imagine estando bêbado com uma crise de risos. Não somente conseguimos, como
também nos agarramos por lá mesmo. Era indiscutível como o álcool me destrava
em situações como aquelas. Talvez não precisasse de uma dosagem tão alta,
todavia era eficiente. Entramos e fomos direto para o quarto. Uma blusa ficou
na escada, uma camisa no corredor, uma meia aqui, outra acolá, calça perto da
porta do quarto e o resto ao redor da cama. Embolados, quase como uma pessoa
só, caímos nus sobre a cama.
- FINALMENTE – gritou a Julia
assustando pessoas em mesas próximas à nossa.
- Dormimos.
- O QUE?
- Exato! Desmaiamos bêbados e caímos
no sono – levantei então minha tulipa. – Garçom, mais dois, por favor.
- Isso é inacreditável!
Inacreditável mesmo era a imagem que
tive ao acordar. Mesmo sendo destruído por dentro por uma ressaca provocada
provavelmente pelos meus órgãos querendo me abandonar, fiquei pasmo com aquela
cena. Viviane dormia nua ao meu lado. Por estar de bruços, sua bunda ficava perfeita,
além de ser do tamanho exato para uma menina daquele tamanho. Seus braços
estavam abertos sobre a cabeça com os cabelos desarrumados, o que a deixava
mais sexy ainda. E, pela primeira vez, aquele rosto sem expressão estava de
acordo com o todo. Viviane transmitia uma serenidade sem perder a sua
sensualidade. Era um dos raros momentos da minha vida que valeu a pena acordar
cedo.
Ao voltar do banheiro, depois de
vomitar uma quantidade de coisas que desconhecia que meu corpo fosse capaz de
armazenar, voltei ao quarto. Viviane ainda dormia, inabalada. Aproveitei que
estava na mesma posição e comecei a beijar todo seu corpo. Pernas, costas,
bunda, pescoço, lateral do corpo. Fiquei um pouco assustado com a demora dela
para acordar. Talvez minha abordagem fosse insignificante a esse ponto. Eis que
ela finalmente acordou. Esticou os braços lateralmente e voltou à mesma posição
para que continuasse fazendo o que fazia antes. Poderia ficar o dia todo
fazendo aquilo. Ainda mais com ela acordada reagindo aos meus beijos. Claro que
sua reação era dentro da apatia habitual. Ainda assim, era possível saber onde
estava acertando, principalmente. Como a coisa foi ficando mais animada,
deitei-me sobre ela, concentrei os beijos em seu pescoço e o resto da energia
ficava por conta dos movimentos me esfregando nela. Conforme esquentava, os
movimentos e intensidade dos beijos também aumentavam. Até que, em certo
momento, perguntei se queria ouvir uma sacanagem. Viviane apenas movimentou
assertivamente a cabeça. Aproximei minha boca de seu ouvido e perguntei se ela
queria ouvir uma putaria. Ela em um tom de voz bem baixo, quase miando, disse
que sim. Então falei sem hesitar que precisava me levantar e ir para o
trabalho.
- AH VAI SE FUDER – Julia deu mais um
susto nas poucas pessoas que resistiam no bar.
- Eu tinha uma reunião com a
diretoria. Foi até por isso que marcamos um cinema cedo. Pelo menos... – Julia
me interrompe.
- Pelo menos o que? Passou o dia todo
de pau duro com o saco doendo? A menina passou o dia todo excitada subindo
pelas paredes?
- Não é para tanto.
- Não é para tanto? Eu, só de ouvir
isso, fiquei toda molhada aqui.
- Garçom, mais dois chopes e uma
porção de guardanapos, por favor – disse para o garçom que se aproximava e
provavelmente ouviu a fala da Julia. – Pelo menos, a coisa destravou. E
destravou no dia seguinte, comigo sóbrio. No próximo encontro as coisas
fluiriam melhor.
- Tá, tá bom. Então fala do encontro
seguinte.
Antes que pudesse falar do encontro
seguinte, o garçom trouxe os dois chopes pedidos e a conta. Tínhamos perdido
completamente a noção do tempo e o bar estava prestes a fechar. Sugeri à Julia
que fossemos para outro local, entretanto, naquela madrugada de segunda-feira,
poucas opções estariam funcionando. E, de fato, não tínhamos outra opção à
nossa disposição. Pedimos ao garçom então meia dúzia de garrafas de cerveja
geladas e seguimos para a minha casa.
- Já tem outras na geladeira – disse a
Julia enquanto guardava as seis garrafas que levamos para a viagem.
- Eu sei. Achei que seria pouco, daí,
peguei mais seis.
- Não basta dormir no meio do sexo com
a sua deusa, vai dormir no meio da conversa comigo?
- Claro que não, baby. Você consegue
me manter acordado.
- Não fala isso. Não fala isso porque
ainda estou molhada daquela descrição – Julia então riu, abriu a primeira,
serviu em dois copos e, se sentindo mais em casa do que nunca, tirou os sapatos
e se jogou no sofá. – Vai! Prossiga! Depois da foda interrompida pelo desmaio e
o corta tesão pela manhã, teve ou não teve outro encontro?
Era mútua a incapacidade dos dois
passarem o resto da semana com aquele fogo acumulado. Postergar um próximo
encontro colocaria em risco qualquer tentativa da coisa andar para frente. Sem
citar no embalo de já estarmos mais a vontade um com o outro. Foi marcado um
novo encontro então na sexta daquela mesma semana. Isto é, menos de quarenta e
oito horas depois.
Viviane queria alguma coisa fora da
cerveja. Sugeri um vinho na minha casa. Minha ideia era sair dos lugares-comuns
de antes que nos forçavam a ficar de papo, quando, na verdade, tudo que
precisávamos era de ação. O vinho ajudaria a criar um clima, soltaria um pouco
a conversa, afetaria a inibição inicial e, depois, já estaríamos a sós para
darmos prosseguimento ao que estava pendente.
- Finalmente estou te reconhecendo.
Criando o ambiente certo para o abate – Julia comentou de maneira contundente.
- Levar para casa, oferecer uma bebida
e depois tirar a blusa?
- Isso! Agora está falando a minha
língua.
- E por que ainda está de blusa?
- Já disse para parar com isso. A
coisa está a perigo aqui – ela riu e prosseguiu. – Continue, por favor.
A Viviane chegou e abri a primeira
garrafa de vinho. Branco. Foi a pedido de dela. Três garrafas de vinho branco
por toda uma noite. Um pesadelo para mim. Não apenas pela parte da preferência
do meu paladar. Confesso que o vinho branco está na linha mais baixa da minha
lista de predileções alcoólicas. O problema residia também no fato de ser uma
bebida que comigo costuma descer com mais velocidade por considerar fraca. Eu e
minha mão nervosa de virar copos, taças no caso, faríamos um estrago naquela
noite. Com menos de uma hora de conversa, Viviane permanecia com sua pequena
taça ainda ocupada pela mesma primeira dose que servi. Ao mesmo tempo, o resto da
garrafa tinha sido terminado por mim em goles longos. O vinho estava
estupidamente gelado, a noite estava quente e tudo que queria era encerrar logo
as três garrafas para darmos prosseguimento aos planos agendados. O ritmo assim
foi mantido por exatas duas horas e meia. Viviane falando muito e bebendo o seu
vinho em doses homeopáticas, enquanto eu numa crise de camelo chique secava uma
garrafa atrás da outra.
Quando levei a terceira garrafa vazia para
a cozinha, gritei para que a Viviane me ajudasse a escolher outra coisa da
geladeira. Na realidade, não queria que ela escolhesse coisa alguma. Era apenas
uma desculpa para que se levantasse da mesma posição que se prostrou na cadeira
assim que chegou. Mesmo após três taças consumidas em uma velocidade sonolenta,
ela permanecia com a expressão indiferente que tanto me deixava desconfortável.
Precisava ignorar aquilo e dar prosseguimento aos planos da noite na
expectativa que ela acompanharia meio que pegando no tranco. E foi o que fiz.
Assim que entrou na cozinha, encostei a Viviane na parede da cozinha e a
agarrei. Nada de beijo romântico, com parcimônia e cautela. Foi já no mesmo
calor que interrompemos naquela manhã recente. Ela me acompanhou fazendo surgir
uma nova mulher naquela casa. Com os braços cruzando a minha nuca, ela trazia
minha cabeça para mais perto da dela, dando pressão ao beijo e deixando
entender que não era para interromper tão cedo. E não pararia mesmo. Com uma
das mãos em sua nuca e a outra em sua cintura, puxava a Viviane para mais perto
ainda. Sempre com a mão cheia e fazendo pressão. Meu quadril, em sentido
oposto, pressionava o quadril dela e, por consequência, ela toda contra a
parede. Por sorte morava em uma casa antiga de alvenaria resistente. Caso fosse
num desses apartamentos modernos com cômodos separados por drywall, já teríamos atravessado as paredes do corredor e teríamos
caído no meu escritório. Naquela pressão descontrolada, um quase devorando o
outro, posicionei uma das minhas pernas entre as dela. A minha coxa sarrando a Viviane
foi a gota d’água para que ela se “desmontasse”. Seus braços perderam a
pressão, sua boca descolou da minha e seu rosto se virou para o alto. Com o
pescoço me sendo oferecido, esfreguei a barba por ele todo. Completamente
ofegante, ela se soltou, jogando todo seu peso sobre a minha coxa e ampliando a
esfregação. Naquele momento, Viviane não oferecia mais reação. Estava toda à
minha disposição. A barba que antes estava no pescoço, desceu por um dos ombros
derrubando a alça da blusa. Depois, seguiu por seu colo até que, entre seus
peitos, a boca voltou ao serviço. Ao mesmo tempo, com as mãos segurando sua
cintura com força, movimentava o quadril de Viviane contra a minha coxa. Ato
que a fez reagir, parar de ficar passiva às minhas investidas e começar a
rebolar no ritmo que a mexia. Estava tão focado na ação que ali rolava, que não
tinha notado que a Viviane sequer estava com os pés no chão. Seu corpo naquele
momento estava todo apoiado pela virilha na minha coxa. Suas mãos apoiadas
firmemente na parte de trás da minha cabeça mantinha a minha boca presa aos
seus seios e confesso que a última coisa que queria era tirá-la de lá. Todavia,
a volúpia da situação somada à vontade acumulada urgia por mais. Aproveitei que
os pés de Viviane não tocavam mais o chão mesmo e entrelacei suas pernas na
minha cintura. Ela tentou falar algo porém, tudo que saiu com gemido cheio de
ar. Nessa hora que abri os olhos e tudo estava turvo. O álcool estava batendo
com força e ficar de pé por mais tempo seria correr riscos de algo
constrangedor. Com a Viviane ainda pendurada em mim, andei até o quarto.
Caminho o qual ambos notaram que não foi feito em linha reta, tampouco em
segurança. Mesmo assim, chegamos inteiros ao meu quarto, onde a deixei sobre a
cama de frente para mim. Afoito e voraz, tirei toda a sua roupa e, mesmo com
todo fogo acumulado quase explodindo literalmente em minhas calças, parei por
alguns segundos para contemplar aquela cena como se fosse a primeira vez. Se
ela de bruços dormindo nua tranquilamente era uma das cenas mais sexys que
tinha presenciado pessoalmente, ela completamente pelada de frente para mim de
maneira convidativa era a imagem mais excitante de todas. Era impossível fazer
qualquer negativa para aquela cena. Tirei a minha roupa na mesma velocidade que
fiz com a dela e tudo que queria era penetrá-la. Queria fazê-lo com intensidade
e controle ao mesmo tempo. Contudo, sabia que tudo que conseguiria era provocar
um estrago igual a uma Kombi sem freio descendo uma ladeira em dia de feira. Resolvi
cair de boca na boceta dela. Viviane estava tão excitada que no primeiro
momento que encostei a língua, ela se contorceu. Instintivamente, me afastei.
Foi quando ela segurou a minha cabeça e me trouxe de volta, praticamente
esfregando a boceta na minha boca. Ela definitivamente sabia o que queria e
igualmente sabia do que eu gostava. Estava tudo muito molhado e ficava cada vez
mais por conta dela e da minha saliva. A língua escorregava e tocava todas as
partes da vagina dela. Segurei suas pernas pela parte debaixo das coxas e as
empurrei para trás, deixando-a toda empinada para que pudesse colocar minha
língua a fundo. Foi quando ela gozou. Deu para sentir sua boceta se contraindo
com força em minha língua. Com o corpo todo se tremendo e um rio escorrendo por
suas pernas, ela se afastou e me chamou para sua direção. Foi nessa hora que me
levantei e tudo rodou. Cambaleei dois passos para trás e acabei me escorando no
armário. Percebi que estava completamente bêbado. Escorri pelo armário até
repousar sentado no chão. Não estava mais rígido. Enquanto isso, Viviane estava
se contorcendo alheia ao que acontecia à sua frente. Quando percebeu, perguntou
se eu estava bem. Respondi que estava nada bem e precisava de um tempo. Ela
então se virou de lado e tudo que lembro foi de acordar no chão no dia
seguinte.
- PUTA QUE PARIU – Julia gritou e
provavelmente acordou algum vizinho. – Puta que pariu duas vezes.
- Mais uma vez frustrante, né?
- Sim, mas o antes disso. Minha nossa
senhora! Estou encharcada aqui.
- Pelo menos parou de me sacanear sobre
endeusar a menina.
- Ah, sim.
- Mas frustrante ainda assim.
- Honestamente – Julia fez uma pausa
dramática dando um longo gole e secando seu copo. – Se ela for uma menina
maneira, só o que você fez foi ótimo. Claro que ela queria mais. Isso não se
discute, mas, ao menos, mostrou que você tem potencial. Tudo bem que não
precisa mostrar esse potencial aos poucos em eventos de finais catastróficos,
não é mesmo?
- Sim. Claro. E sendo insistente,
frustrante, né?
- É! É! É frustrante, está satisfeito?
Só que ao mesmo tempo deve ter ser sido ótimo. Só de ouvir, veja só como estou
– Julia se levanta do sofá, pega a minha mão e a põe por debaixo do seu
vestido. – Acredita agora que ao vivo deve ter sido impressionante?
- Baby, que coisa linda.
- É! Linda! Só não se empolgue muito
aí, não. Vou na cozinha pegar mais cerveja. Vai contando aí enquanto estou em
uma distância segura.
Lá estava eu recobrando a consciência
na manhã seguinte, deitado no chão, escorado no armário do quarto e completamente
nu. Viviane estava dormindo na cama e também permanecera nua. Isto é, sequer
acordou depois que apagamos em lugares diferentes após o coito interrompido
mais uma vez por motivos lamentáveis. A cena, na teoria, era igualmente linda a
de outra manhã quando acordei com ela nua ao meu lado. Contudo, existia naquele
momento todo um ar de fracasso por conta das inúmeras tentativas de transar com
ela. Existia algo que maculava a imagem, algo que não me permitia apreciá-la
com a mesma fascinação de antes. Ali, depois de seguidos fiasco, estava apenas
mais uma menina bonita. Não era mais uma das cenas mais lindas que presenciara
na vida.
- Finalmente – disse a Julia enquanto
voltava da cozinha carregando dois copos cheios de cerveja em uma mão e uma
garrafa de cerveja em outra. – Até que enfim conseguiu tirar o endeusamento por
ela. Agora não tinha mais desculpas, já dava para bagunçar a mocinha, né?
- Para de falar besteira e senta logo
essa boceta molhada aqui do meu lado.
- Ih, tá uma piscina – ela se sentou,
me entregou um dos copos, colocou a garrafa no chão, jogou uma das pernas por
cima das minhas e prosseguiu. – Vai! Fala! Agarrou a menina?
Fui primeiro ao banheiro. Sentado no
vaso, aproveitei para me certificar se existia algum resquício de ressaca.
Estranhamente estava novo. Zero ressaca. Terminei o que tinha por fazer, tomei
um banho, escovei os dentes e voltei para o quarto. Viviane permanecia intocada
na mesma posição de lado enviesada na cama. Deitei-me ao seu lado, abraçando-a
por trás. Colei meu corpo no dela com todas as partes niveladas. Em seguida,
puxei Viviane para perto de mim e, enfiando meu rosto por debaixo do seu
cabelo, invadi seu pescoço. Minha respiração foi suficiente para acordá-la. Ela
deu uma discreta gemida de espreguiçar, soltou um sorriso de canto de boca e
jogou o quadril para trás pressionando-o mais ainda contra a minha pélvis. Fiz
o mesmo em sua direção e aos poucos estávamos nos esfregando.
- Pode parar com esse momento Cine
Privê – a Julia me interrompeu. – Você vai começar com toda essa descrição de
sacanagem e eu não estou mais em condições de lidar com isso. É verdade! Estou
a perigo, homem. Se continuar assim, vai ter de dar um jeito nisso.
- Pare antes que eu pense besteira.
- Então conta, mas sem detalhismo –
ela pediu rindo e provocando gargalhadas em mim.
Era como se tudo tivesse sido
reiniciado. Tivemos um leve aquecimento, ali abraçados e depois uma preliminar
comandada por ela. Não sei se foi por complexo de culpa, ou iniciativa para se
ter a certeza que faria dar certo, que Viviane tomou a iniciativa de me chupar.
Estava mais duro do que nunca. Em certos momentos, ela me olhava com um sorriso
no rosto. Podia ser um sorriso se vangloriando do que ela mesma tinha
conseguido, ou um sorriso de alívio por algo finalmente estar no caminho certo.
Seguro, então tomei as rédeas da situação, virei a Viviane e me posicionei
sobre ela. Seus olhos denotavam expectativa. Era a hora! Na minha cabeça, tudo
que pensava era que estava de volta ao jogo. Finalmente, retornei à minha
programação normal. Quando comecei a penetrá-la, algo me desconcentrou e o
pensamento vitorioso de antes se transformou em preocupação. Apenas pensamentos
sobre não falhar passaram a povoar a minha cabeça então. Parei de ser
instintivo e virei neurótico. Ficava refletindo cada movimento. Não estou
sentindo total contato, pensei. Será que estou mesmo dentro, questionei-me
depois. Não conseguia sequer dizer se estava ainda ereto. Estando ou não, o
óbvio aconteceu. Broxei. Ele abaixou, murchou, encolheu e se aquietou de vez.
Viviane tentou fazer algo, todavia, isso costuma deixar a situação ficar mais
constrangedora ainda. Com notório desconforto, ela me manuseava com as mãos.
Depois, apelou para a boca. Nada! Permaneceu assim por um bom tempo. A situação
era patética. Em uma analogia às técnicas de primeiros socorros, era como se a
Viviane estivesse fazendo massagem cardíaca e respiração boca-a-boca em uma
pessoa que morreu horas atrás. Era um caso sem salvação.
- Quando disse para não me deixar com
mais fogo, não precisava também ser um balde de água fria – a Julia comentou
tentando segurar o riso.
- Pode rir. Qualquer coisa diferente
daquilo não faria sentido com todo histórico até então. E, convenhamos, nada
superaria isso.
- É, posso dizer que fechou com chave
de ouro.
Antes fosse um fechamento. Por sorte,
aquele constrangimento foi interrompido pela chegada da faxineira. Ela ia
sempre aos sábados por ser um dia mais fácil de quebrar um galho para mim. Com
a chegada dela, tomamos vergonha na cara e desistimos do que não tinha solução.
Entramos no banho e fomos para rua. A proposta seria tomar um café-da-manhã,
contudo, já tinha passado do meio dia, portanto decidimos almoçar mesmo. Foi
uma tarde de casal enquanto éramos reféns da faxineira. Almoço, cinema, volta
no shopping e um barzinho. Por quatro anos, quis fazer isso com ela. Durante
todo o período que foi minha aluna, pensava como seria sair com ela. Naquele
momento, finalmente tinha a oportunidade de descobrir. No passado, imaginava que
um programa com uma menina tão interessante deveria algo divertido e fácil de
levar. Deveria, exceto quando se tem nas costas alguns fracassos seguidos.
Viviane até estava bem à vontade, menos inexpressiva e mais comunicativa que o
habitual. Dizem que as mulheres levam isso de boa e relevam com naturalidade,
pois o que importa é a companhia. Comigo era diferente. Parecia carregar um
fardo nas costas que, a cada palavra, interpretava como indireta ou um
constrangimento associado. No almoço, ao comentar que as batatas fritas estavam
murchas, me ressenti. Quando a fila do cinema estava demorando, ela disse que
era por conta da funcionária ser muito mole e eu vesti a carapuça. No shopping,
com aquele mar de pessoas praticamente se arrastando à nossa frente, Viviane,
ao tentar ver algo em uma vitrine, comentou comigo que ficava impaciente com
essas pessoas que não fodem nem saem de cima. Aquilo me desmoronou.
- Ah baby – Julia precisou fazer uma
pausa para conter as gargalhadas. – Sua neurose até faz sentido. Só que mulher
não tem disso. Ela não estava te dando alfinetada. Ela estava muito tranquila.
Com certeza, não estava encanada com o histórico, do contrário, ela escolheria
as palavras ou demonstraria desconforto após terem sido ditas.
- De fato, ela estava numa boa,
falando como se não pensasse no ocorrido. A não ser que ela fosse lesada ao
ponto de não conseguir associar uma coisa à outra.
- Bem, depois do bar se despediram?
Chamei Viviane para voltar para a
minha casa. Ela perguntou se tinha certeza. Respondi que sim sem hesitar.
Engoli seco e pensei que não tinha a menor certeza para dizer a verdade. Não
estávamos bêbados, principalmente se considerássemos minha média de consumo.
Foram, no máximo, oito chopes para cada um. Cheguei determinado e com coragem.
Agarrei Viviane na escada deixando claro que a volta para a minha casa era
unicamente para sanarmos aquela dívida que só crescia. Ela correspondeu. A
coisa pegou fogo na escada, no corredor e no quarto. Dentro dele, tiramos a
roupa e foi aquela volúpia descontrolada de filme. Sem preliminar, sem preparo,
sem paciência. Tiramos a roupa, nos jogamos na cama e, segundo o linguajar nada
erudito da Julia, foi pau dentro. Tecnicamente, não era a primeira vez que a
penetrava. Contudo, para mim, foi. Era como se ela fosse feita no meu número.
Tudo se encaixou sob medida. A lubrificação e o calor dela completavam com
perfeição. A sensação era espetacular. Algo como o prazer de colocar um bom
pedaço de lasanha na boca que não está quente o suficiente para queimar a
língua, todavia não está frio também. Ou a agradável satisfação de se deitar em
uma cama quentinha sob o edredom em uma tarde de chuva. Era tão bom que, com
tudo que tinha acumulado, em menos de meio segundo, veio uma vontade louca de
gozar que não consegui resistir. Gozei e muito. Ela pediu para ir ao banheiro e
se levantou. Eu, aliviado e em êxtase, sequer conseguia me abalar com o meu
catastrófico desempenho em tempo olímpico. Relaxei e, antes que Viviane
voltasse do banheiro, peguei no sono.
- Numa boa – Julia colocou seu copo
vazio no chão e, aproveitando que uma de suas pernas estava sobre as minhas, se
ajeitou, ficando sentada no meu colo de frente para mim. – Eu não consigo
acreditar que você seja esse desastre todo.
Julia então me beijou e não relutei.
Éramos adultos. Ligeiramente bêbados, mas adultos cientes do que estávamos
fazendo. O beijo foi longo, com pegada e cheio de fogo. Apenas algum tempo
depois que notei que a Julia já estava rebolando se esfregando no meu colo.
Segurando sua cintura, forcei Julia para que se afastasse da minha boca e
pudesse chupar seus seios. Ela foi mais rápida, apoiou-se nos meus ombros e se
levantou. Eu estava sentado no sofá e ela de pé também no sofá, de frente para
mim. Julia então abaixou a calcinha, levantou o vestido e, segurando minha
cabeça pela parte de trás, se aproximou colocando minha boca no meio de suas
pernas. Ela estava encharcada. Era como comer um prato de espaguete com muito
molho. Escorria pelos cantos da boca, pelo queixo, pelas pernas dela, por todos
os lados. Levei um dedo até sua boceta piorando, ou não, a situação. Como em um
comum acordo feito implicitamente, ficamos naquela até Julia gozar. Quando
conseguimos que ela gozasse, suas pernas fraquejaram e ela desabou em meu colo.
Ainda se tremendo um pouco e ofegante, ela pediu para que a levasse para o
quarto. Lá, transamos num ritmo frenético, como se desejássemos um ao outro há
tempos. Ela gozou mais duas vezes, sendo a última junto comigo, com ela de
quatro. Depois, desabou na cama mole, exausta e satisfeita, ao meu lado em
igual estado. Era possível ouvir os pensamentos do vizinho de baixo agradecendo
pelo silêncio definitivo na casa.
Na manhã seguinte, acordei com a Julia
dando um pulo da cama. Ela foi correndo para o banheiro. Perguntei o que tinha
acontecido e, aos berros, ela respondeu que precisava trabalhar. Fui, com
calma, atrás dela e entrei no banheiro enquanto ela tomava banho.
- Quer um café?
- Não tenho tempo. Preciso ir para
casa ainda mudar de roupa e pegar o meu material.
- Quer carona?
- Não, vou de taxi. Relaxa.
- Quer alguma coisa?
- Sim, conte o que aconteceu. Você
pegou no sono enquanto Viviane tinha ido ao banheiro e aí?
Provavelmente, voltando do banheiro, ao
me ver dormindo, Viviane vestiu uma calcinha e uma blusa. Depois se deitou ao
meu lado e dormiu também. Na manhã seguinte, acordei e a cena dela dormindo ao
meu lado já não era tão fria quando na manhã anterior. Todavia, não era tão
linda quanto da primeira vez. A cena não tinha mais o fardo de antes, quando
acordei no chão do quarto. Contudo, carregava uma faísca de vergonha da noite
anterior. Depois ela se arrumou e pediu que a levasse em casa. Coisa que fiz
com maior prazer. No caminho, refleti muito se queria ver a Viviane novamente.
Sim, queria com certeza. Não sei se ela gostaria depois de tudo que aconteceu.
Então deixei sob a decisão dela. Pedi que me ligasse pela semana para marcarmos
algo. Ela respondeu que ligaria, sim, virou as costas e foi embora.
Assim que acabei de contar, Julia saiu
do banho em disparada para o quarto para se vestir. Pediu que eu continuasse,
mas não tinha mais o que falar, a história tinha acabado. Ela então se vestiu e
descemos juntos até a rua para chamar um táxi. Em menos de dois minutos já
tinha um parado à nossa frente.
- Pode falar a verdade agora, você já
comeu muita mulher com essa história que me contou, né? – a Julia perguntou e
prosseguiu antes mesmo que pudesse responder. – Existiu alguma Viviane mesmo?
- Claro que sim. A história é
verdadeira e recente.
- E onde ela está?
- Como disse, deixei por conta dela
que entrasse em contato comigo quando quisesse me ver novamente. Nunca mais
tive notícias.
- Ninguém a condenaria, não é mesmo?
Faz o seguinte, coloque o orgulho de lado, entre em contato com ela e marque um
encontro. Você não quer endeusa-la novamente? Faça isso. Vai ver ela espera por
uma nova demonstração de confiança por sua parte. E que fique claro... no que
depender de mim, quero que você passe vários fracassos com ela e, quando
estiver bem acumulado, me procure novamente. Você é ótimo quando está
precisando reafirmar a sua virilidade.
Julia entrou no táxi e foi embora. No
portão de casa, peguei o celular, passeei pela agenda telefônica e, ao fim,
hesitei. Guardei-o no bolso e entrei em casa. Ao deitar na cama, tirei o
celular do bolso e, enquanto o colocava na cabeceira, sorri de canto de boca.
Em algo, a Julia tinha razão. Em um único ponto, talvez ela tivesse razão. Mudança
de planos. Mais uma vez peguei o celular, abri a agenda telefônica e apertei o
botão de chamar. Dois toques depois:
- Alô! Priscila? Tudo bem? O que vai
fazer nesse final de semana? Estou precisando do ombro de uma amiga. As coisas
não andam bem comigo.
Outro conto da coleção? Leia Carina